28.2.12

maybe, I'm insane.

andava pela cidade desgostosamente.
também pudera, um dia sem tomar café, não é um dia é uma eternidade.
passos lentos, o corpo se arrastava, o útero chorava sangue e essa mistura doía em meu ventre.
verde, era essa a cor da camisa do pai dos meus filhos, foram alguns segundos de olhares e
já sabíamos que era o destino, os deuses, o cosmo ou a força-cósmica-alimentadora-de-tudo que nos unia.
57 segundos mais precisamente, foi o tempo em que meu coração parou e a nossa vida juntos passou na nossa frente. faríamos então uma cerimonia simples e intimista, viveríamos numa casa no campo com uma varanda alta que faria um caminho no meio da copa das arvores, nossas crianças brincariam em meio a natureza, o pequeno e falante noah e as gêmeas alice e alegra. tomaríamos chá as cinco da tarde todos os dias e plantaríamos vida, amor, alimentos...

27.2.12

o moço bonito.

ele estuda a vida...
o homem do cabelo de caracóis
tem a pele morena

ele transmite liberdade...
o homem do cabelo enroladinho
tem corpo no mundo

eu sou passarinho...
vivo rondando os caracóis
vivo curtindo a liberdade dele
vivo me enrolando no mundo!


26.2.12

tanto amor, tanto amor

sinto saudade do anjo constantemente
dos olhos fundos, do timbre da voz 
dos ideias, da filosofia

as flores sentem saudade de mim
dos dias em que eu acordava
desejando que um dia tivesse mais que vinte e quatro horas.

existe uma razão para continuar a viver, mas eu não ligo
não quero saber dela. 

não é mais a ressaca que me deixa assim
é essa castração, é esse rejeitar
é esse querer imposto! 

eu preciso te matar dentro de mim, anjo
escrevo sem saber se um dia isso chegará até você
mas, se chegar, quando chegar
leia com o meu coração nas mãos
procure alguém que seja merecedor da vida e o entregue.

dê uma razão para que essa pessoa continue a viver
com esse coração que pulsa tanto amor
tanto amor, tanto amor ...

e que nunca foi meu, desde que bati os olhos em você
nesse meio tempo, cuide dele com carinho
pois, sempre te achei merecedor de carrega-lo por ai
ainda que distante de mim.

e ama e vive, por que do lado de cá
eu tenho vivido sem coração, mas ainda posso respirar 
dançar com as arvores e olhar a nossa constelação!
eu ainda posso beber nosso conhaque e posso ler nossa poesia.

eu ainda posso fazer tudo isso.
eu ainda quero fazer tudo isso.
eu encontrei alguém que me deu um susto, um sopro de vida.
tenho tido medo de deixar o "nosso" que nunca existiu de fato, para trás
mas já sinto uma vontade crescer dentro de mim, uma vontade ir, correr para frente!

mesmo que sem o coração! te entreguei, por amor
por amar demais. e não me arrependo! 
mas ainda posso partilhar o que ficou, e posso recriar um coração. 
com tudo que ela tem me dado.

ainda posso, e agora eu quero! 

alice e seu amor reprimido

de uns tempos pra cá, venho observando o comportamento de alice.
alice perdeu a linha. bebe desenfreada. ri, nunca goza e sempre acorda arrependida.

alguns dizem que foi um amor que chegou ao fim, outros que ela nunca teve amor por ninguém.
eu acho que alice era muito amor, algo deu errado na receita, e hoje ela é tão densa.
ela consegue derrubar o ambiente só por se aproximar.

alice e seus cabelos longos, negros, lindos!
alice e suas garrafas, metros e metros de garrafas.
alice e seu amor reprimido, seu ódio forçado.
nada disso combina com alice, mas é o estado em que ela se encontra.

as vezes me pergunto: será que ela não vê que ela puxa as pessoas pra baixo?
será que ela não acordará nunca?

vai insistir nessa anestesia que corroí, até quando?
até todos os que queriam estar com alice, abrirem mão?

uma energia ruim, quando ela passa luzes estouram, vidros caem aos pedaços, cacos.
cortam, fazem doer na carne o que alice vem sentindo doer na alma.
as pessoas estão começando a sentir pena de alice.
pena é um sentimento tão escroto.

nunca me senti forte o suficiente pra sentir pena de alguém.

alice não precisa disso, alice é uma das mulheres mais interessantes com quem já estive.
gosto de observa-la sendo o que nunca foi. tento ver se ainda encontro aquele sorriso doce.
os planos mirabolantes.

alice, alice!
alice e seus cabelos longos, negros, lindos!
alice e seu coração despedaçado.
e os pés descalços.
alice e essa mania de fingir ódio, onde se tem amor.


23.2.12

um gole de vida

ela parou se apoiando no batente da porta. sorriu e começou o jogo.
vestia uma camiseta alguns números maior, surrada. o esmalte vermelho estava gasto.
trazia consigo um copo de uísque com duas pedrinhas de gelo.
bebia goles delicados e mordia os lábios descaradamente.

eu estava estática, só observava e me perguntava
por que diabos ela conseguia ser tão sensual mesmo trajando uma camiseta velha?

na ponta dos pés ela começou alguns movimentos, eu estava vidrada.
ameaçava tirar a camiseta e gargalhava.
me olhava em todos os momentos.
tirou os braços da manga da camiseta e deixou que caísse no chão, levando a mão nos lábios
como quem diz: opa, não era pra acontecer.

senti o coração pulsar violentamente, mas me segurei pra não ir até ela
e lhe arrancar o pouco de roupa que vestia, com os dentes.
não conseguia tirar os olhos dela.

ela passava as mãos nas alças do sutiã que era preto com rendinhas vermelhas.
um convite para a perdição, foi então que o tirou, me possibilitando a visão do paraíso.
seios lindos, rosados, fartos, queria mesmo era me perder entre eles, com eles!

não resisti, corri para eles, como um animal selvagem.
beijava-os, chupava-os, estava adorando brincar com os seios dela.
então desci, beijava agora sua barriga, seu umbigo. minhas mãos percorriam seu corpo.
sempre achei o corpo feminino algo divino!

beijava seu ventre e continuava a descer...

queria me fartar no gole de vida que havia entre suas pernas.
pernas grossas, delineadas.

e foi o que fiz, bebi da fonte da vida.
me deliciei, delirava!
não parei enquanto não senti seu corpo me abraçar involuntariamente.

fiz isso com ela, mas só gozo pra antiga.


20.2.12

espelho

não a encaro como minha, não mais...
me sinto uma grande merda por dizer isso,
mas acontece que acabou
deu um nó e eu não consigo e nem quero desfazê-lo.
não suporto te olhar
sua voz me irrita
te acho horrorosa!
FEIA, INDIGESTA, RIDÍCULA
tudo me parece forçado
a risada, sua risada é podre
você cheira mal e eu não gosto dos seus beijos.

eu quero correr toda vez que a encontro
sua presença me asfixia

preciso de ar, preciso sofrer, preciso sangrar
morra vil meretriz!

deixe-me voltar a ser e não fingir!

odeio quando passo por ele e te encontro...




meu reflexo no espelho!

leve como o leve livro

é carnaval aqui e as pessoas vibram.
não sinto vontade de sair de casa hoje.
soube que além de noiva, você está gravida.
é verdade?

vem cá, me diz, por favor!
vem cá e leva.
leva contigo alguma coisa boa de mim.

leva essa minha liberdade
os meus saltos de cavalo livre
leve como o leve livro das recordações
assinado aos amigos
escrito por Tagore.

leva essa dor que reside em meu peito
não fique, não marque
não se importe com o que será de mim depois,
mas vem cá pra sentir meu coração vibrar pela noticia!

sejas mãe e pai.
sejas real.

e leve um pouco do que era bom em mim...
leve o que não secou em mim
leve de mim o mim.
deixe alguma coisa pra eu chamar de: eu.

sejas mãe, sejas pai, sejas feliz.
meu pequeno anjo!


16.2.12

o perfume do amor

c-i-ú-m-e

sinto vir a tona
tento disfarçar
algo que em minha entranhas
corre maratona

torno-me insuportável,
crio espinhos!
viro fera ferida
fica insustentável...

quisera eu, no auge de minha possessão
enfiar a mão na carne e arrancar o mal de mim
mas de meus olhos vertem sangue

a coisa amada torna-se tão inigualavelmente perfeita
que me desmonto, me retalho, crio atalhos
para ferir quem se aproxima
e ousa roubar de mim, o que nunca foi meu

deixo o asco, a ojeriza, o desprezo
roubarem meus sentidos.
mesmo sem ter tido a coisa amada.

perco-a desgostosamente
sofro!
apodreço gradativamente.

sou vitima do meu ciúme.
morte à coisa amada, morte a quem a ronda.

morte súbita do meu bom senso!


o dia chegou e você não.

para camila com todo meu amor.

ouvi aquela canção da qual você me disse que não conseguia me desvincular.
tenho para mim, que você sofre da mesma loucura que eu.
sinto falta dos teus telefonemas, das mensagens, das bebedeiras.

você lembra?

"Qualquer dia
Vamos passar a pão com cerveja
E que não falte a bebida, baby
Pra que pior não seja"


o dia chegou e você não.
eu sinto que você não anda muito bem, te peço para que por favor não tome medidas drásticas, como eu.
lembra de tudo que eu já fiz. das inúmeras vezes que pensei em suicídio. ninguém compreendia o meu temor.
camila, você nunca deixou que eu concretizasse esses delírios depressivos.
estou ansiosa para te ver, mesmo que você não compreenda isso.
passo pela rodoviária e fico louca de vontade de subir num ônibus daquele e ir parar ai em campinas.
tenho medo que você feche a porta.
faz o seguinte: abre a porra da porta. me deixa entrar pra um café.
a gente pode beber todas e matar todos eles. eu te ajudo.
podemos enterra-los no quintal e depois tomar um chá.
tenho fumado compulsivamente, acho que já estou viciada.
filtro vermelho, claro! nada de filtro branco, coisa de maricas.
vai rolar outro sarau, sabe o que é bom pra depressão?
POESIA!
vem, vem, vem, vem
não precisa ficar, mas vem.


não morre não!
com você eu não penso em suicídio

15.2.12

maria, maria, maria, maria

maria se foi de vez.
não sinto falta. na verdade eu não sinto nada.
antes de ir me deixou apenas um bilhete escrito em cima de um anuncio.

dizia assim nele:  

"de mim você só fica com o desprezo, o rancor.
parto para não voltar! espero que seja feliz."

maria, maria, maria, maria, maria
por Deus, espero que não volte. 
não suportaria mais um minuto ao seu lado.

quando maria abria a boca, meu estomago embrulhava
e eu tinha tanta, mais tanta vontade de vomitar todos os verbos em cima dela!

maria não sabia o que era verbo
no entanto, era pura verborragia.

maria era amiga de fernanda que era amiga de juliana que era amiga de todo mundo.

maria?

maria se foi de vez, por que maria nunca fica. 

MARIA VAI COM AS OUTRAS!

14.2.12

o eu dele, por mim


ele fala do eu.
do eu dele. do meu eu.
que por vezes é dele sem querer.
(eu juro)

grito anunciando o que penso sobre ele: subversivo!
o homem do cabelo enroladinho
é pura poesia.
é poesia viva!

me encanto com a tua forma
com o seu vermelho carmim...

a leve pausa na respiração
após o trago
é delicado, por vezes
pacifico e bonito.

os olhos são jabuticabas
o groove é strokeano
é, o homem do cabelo enroladinho
é o homem que eu queria ser!

é algo realmente inspirador.



13.2.12

dependência química

era domingo e eu estava lá, sentada atrás dela.
ela não era dependente química, mas tinha cara... 
enquanto ela tocava Young, meu coração fazia uma batucada frenética.
eu ria com os olhos.

nada poderia ser mais precioso que sentir o coração dela batendo, assim
tão próximo de mim.

eu transbordava amor, carinho, paixão, tesão! 
ela? música, vida, solidão.

eu é que dependia muito da nossa química.


10.2.12

a janela do guri

abri a janela do "guri" e fiquei pensando em como dizer que havia me tocado.
eu sempre digo que tocar machuca, mas nesse caso não feriu.
senti uma coisa louca crescendo dentro de mim, explodindo.

tenho que agradecer: obrigada!
por me dar um gole de vida, com um punhado de palavras, de letras, de sentimentos...

não hesitei mais, escrevi qualquer bobagem e enviei de olhos fechados.
sem saber, que você me lia.
estávamos no tempo do universo, dançando dentro da mistica.



9.2.12

e nunca foi nosso.

estou deitada em nossa cama e minha gata não quer meu colo, na verdade ela também tem sentido tua falta.
você foi comprar cigarros e não voltou, não olhou pra trás e levava suas malas.
me levanto da cama com muito esforço, fumo, bebo, como e quando olho para o relógio a vida já se escorreu pelos ponteiros! 

a camila tem me ligado muito. 
a turma toda diz que eu preciso sair desse apartamento. 
mas eu não consigo, gosto de olhar sua escova ao lado da minha no banheiro.

até hoje não arrumei o seu lado da cama, gosto da desordem. da desordem dos nossos dias.
e vou conversando com você mesmo sem você! 

esses dias durante o banho pensei ter ouvido seus passos, passos mansos, aqueles passos amigos do meu coração. sai do chuveiro ensaboada e vi que havia apenas pensado mesmo. 

fico sorrindo pra geladeira. que ainda tem todos guardanapos de papel com marcas de batom  presos por um imã, aquele seu batom vermelho.
não sei por que, mas tenho a sensação de que você não foi. 
quero acreditar que você volta. 

a camila tem me ligado muito.
ela disse que eu preciso sair urgente desse apartamento, que é meu.
e nunca foi nosso.

mas eu não consigo! 


5.2.12

me derrete também.

conheci rodrigo por acaso, em minha casa.
é engraçado dizer isso, não me lembro bem do dia que conheci rodrigo.
lembro de perguntar se namorava e quantos anos tinha.

rodrigo não precisa de muito pra ter muito de mim!

acho que foi a altura, é, dever ter sido isso.
mas não, o papo dele é bom também. 
é bom ter rodrigo na vida. 

as vezes ele me diz coisas que me deixam sem reação.
mas é pose só, rodrigo não é má pessoa, é gelo sabe?
gelo derrete, e o rodrigo também. me derrete. 

4.2.12

azuis-verdes-furta-cor

ela não é como as outras...
aqueles olhos azuis-verdes-furta-cor são de uma transparência ímpar.

nunca havia pensado nesse laço, mas faço votos para que jamais se desfaça.
gosto do laço que tenho com ela. 
dou um grito e ela escuta e se precisar revida.
nunca tive medo do grito dela!
por vezes penso, grita, grita comigo, grita que seu grito me põe na linha menina!

tenho medo sim. medo de me perder dela. mas também sei que ela não deixaria.

por que ela não é como as outras tantas! ela fica.

obrigada por ficar...

beco sem saída.

a encontrou por acaso num beco. 
contava moedas!
contas e mais contas pra pagar. acendeu o cigarro, tragou errado. estava realmente desconsertada.
a presença da pequena a tirava do eixo. 
insuportável. era isso que ela pensava até então, da pequena.

as moedas caíram no chão e num gesto infantil não demorou e colocou o pé sobre as moedas.
a pequena que sorria, abaixou-se e a ajudou. 

naquele instante, naquele breve instante, houve uma troca. 
troca de olhares, de sorrisos, de energias!

veja só, se não era a pequena insuportável com aquele sorriso doce e infantil, fazendo uma proposta indecente.
sim, por que aquele sorriso nada mais era que uma proposta indecente! 
imoral e ilegal...


1.2.12

(des)enganos


dez enganos ela teve esse mês. desenganos também.
não há tom waits, bukowski e cachaça que aguente.

ele sentou-se acompanhado, ela sorriu. ele bebeu, ela caiu. ele fumou, ela tragou.
três tragos de desencanto.
cruzava e descruzava as pernas, mexia muito no cabelo, e bebia.
bebia e fumava feito louca.

fim da linha.

chegou em casa acompanhada e a mensagem na secretária dizia:
estou farto de ti, estou cansado, enjoado, enojado!

não aguentou, desmoronou, mais tom waits, mais cachaça, mais fornicação!
empurrou-o no sofá, e ao som de tom waits, despiu-se. totalmente nua, pulou em cima
daquele homem desfigurado que a acompanhava.
cavalgava, rebolava, chupava, apanhava, batia, mordia, suava...

por fim contraiu-se inteira num gozo extasiante.
e esqueceu-se que havia desmoronado, pelo menos até a manhã seguinte...