15.3.13

Meu poeta, meu estimado poeta


Não sei se posso lhe afirmar que trago comigo nestas linhas, boas novas.
Estou gostando da vida no interior, tenho muitas plantas em minha casa, muitos felinos e cachorros, cuido disto tudo com o mesmo zelo de uma mãe.
Sobre continuar a escrever poesias, talvez isso não me caiba mais. Tenho me dedicado a telas, paisagens, o ritmo das pessoas daqui.
Estou me adaptando bem ao ritmo das coisas, minha doença está praticamente curada.
Existem coisas que ainda me assombram, mas a paz que esse lugar tem me causado, e a forma como essas pessoas tem me tratado, mostra que você estava certo em sua ultima carta.
O que deve ser feito, irremediavelmente feito, é permitir-se.

Envio junto com a carta, uma fotografia do meu rudázinho.
Esperamos sua visita, o café está sempre quente e forte.


Com carinho.




14.3.13

Sur Mon Coeur


Araras, 8 de março de 2013.

Faz calor no interior.
Tenho tido medo de mim, do que posso fazer comigo, do que tenho feito.
Permaneço deitada num sofá machucado pelo tempo. Sinto uma parte da madeira dele em minha espinha, mas não dói.
Meu corpo se adaptou à ele, ou ele à mim.
Somos um só.
Eu sou uma menina sofá.
Tenho estado triste, não gosto de abrir as janelas. Os motores dos carros que passam por essa avenida, denunciam uma localização que desconheço e isso me amedronta.
O sol me assusta, a vida engole quem não é forte o bastante pra sentir a luz do sol.
Não tenho sido uma boa companhia pra ninguém.
Estar só, sentir-se só.
Há lagrimas, há um nó.
Ser ou estar incapaz, diante do tempo.
Talvez a vida seja isso, essa insatisfação. Esse engolir sem saber o que ou por quê.
Ou talvez eu esteja apenas deprimida.