29.3.12

recado para o rui

bom, eu não sei me despedir, então isso pode soar um pouco errado.
aposto que vou me sentir um pouco triste com o fim.
é sempre tão doloroso, querido.
talvez eu não tenha dito em todas as oportunidades que tivemos a sós, o quanto você
me fez querer ser alguém melhor, e que eu consegui notar um certo amadurecimento em mim, graças a você.
não, não acredite que quem me mata aos pouquinhos seja você. nunca me passou pela cabeça isso.
o nosso amor não acabou, ele se transformou em algo fora do controle.
eu não estou pronta pra abraça-lo.
eu preciso me curar, e encontrar alguém que não se importe com o fato de que eu estou doente.
escrevo essas linhas aos prantos, e com um nó na garganta maior que o universo.
daqui um ano talvez, eu tenha me reerguido e esteja pronta para abraça-lo.
pode ser que você tenha encontrado alguém que se importe com o fato de que você também está doente.
e que te cuide e carregue com total zelo o seu músculo pulsante.
talvez nos encontraremos pra um café e você me conte como tudo tem dado certo pra você
e eu espero que eu possa dizer o mesmo, e te encher de orgulho.
e que não nos tornemos estranhos!

com amor, da sua sempre vani.

(na vida real os desencontros são mais eternos que os encontros, não é mesmo?)

24.3.12

amor crônico

Tinha os olhos tristes.
Há dias não comia e nem dormia. A vida já tinha se esvaído e não via perspectiva alguma.
Ouvia de longe o sussurro da folhagem das arvores.
Nada a encantava mais, nem mesmo o fato de era outono e a cidade estava extremamente bela.
Os dias arrastavam-se como se a vida fosse uma eterna segunda-feira cinzenta.
E tinha aquele homem mais velho, aquele homem que nutria um carinho que pra ela era absurdo.
Aquela relação conturbada, ora sentia o desejo de estar entre seus braços e abraços, ora queria somente que a deixasse em paz. Por que ele, diferente de todos os outros a questionava tanto e não compreendia seu tempo. Alias, ninguém nunca conseguira este feito.
Há dias não comia nem dormia, permanecia extática frente aquilo que a assombrava.
Em outrora cogitaria a possibilidade de um suicídio cheio de drama e clichês, com recado de amor e cordinha no pescoço. Não mais aquele vinho barato, nem os cigarros, as cartas de amor.
Nem a vida, nem os prazeres.
Sofria do que posteriormente ela mesma compreendeu e rotulou: amor crônico.
Um fato sem explicação que sempre a fizera chorar, sorrir e gozar.

22.3.12

gosto do gosto dele

eu gosto dele, gosto mesmo!
chega a ser surreal e as vezes eu me pergunto: por que?
e tem que ter porque? acho que não.
vou me enchendo de questões, será que ele vai gostar de mim também?
por que ele morde os lábios e me deixa maluca?
não! é diferente, eu falo pra camila.
é claro que eu sinto vontade dele. ele poderia muito bem cair entre minhas pernas.
a gente se daria muito bem sendo um só. sabe aquela conexão deliciosa,  que alguns chamam de sexo?
então, acho que seria uma loucura!
mas não é só isso, tem tanta coisa nele que me chama atenção,
que sério, um abraço dele me deixaria extremamente excitada e satisfeita!
a camila diz que eu to ficando maluca!
que eu não posso me jogar assim, e eu to jogando?
não sabia, eu pensei que estivesse sentindo!

17.3.12

masturbação mental

apago a luz do quarto, deixo o abajur aceso.
vou criando o clima por que sei que logo chega.
escolho a madrugada para sentir o toque de suas mãos, tão minhas.
me dispo e venho até esse canto, que é nosso.
te devoro, vou engolindo tudo!
tanta junção de letras, palavras, frases.
resolvi descrever o nosso platonismo, por que me tocas mesmo à distancia
brinco com meus dedos!
engraçado, te sinto dentro de mim,
essa "masturbação mental" como diria minha amiga, me deixa ensandecida.
quero gritar: te quero dentro!
arranhar, morder, lamber.
mas fico com os dedos e as palavras que me excitam tanto.
acabo nosso jogo de poesias num êxtase delirante, por que imagino ação!

12.3.12

Da minha pequenez, um cisco!

e de repente acende
e acesa a chama 
já não quero a cama 
se não for contigo


já não quero a grama
e nem o riso
quero desfazer-me
em tudo que preciso


nos teus olhos negros
no cabelo liso
e nem quero o gozo
de outros corpos
dele não preciso!

9.3.12

dar vazão

viva os meus dias. meus, tão meus!
sou toda bagunçada.
ao levantar coloquei os pés no chão gelado, acho isso um tesão.
deixei meus rastros pela casa, em cada comodo uma peça de roupa era descartada.
fiquei nua, nua de roupas e de palavras que me vestiam.
ilusórias, palavras são ilusão!
acho o corpo feminino uma obra de arte, não, eu não falo de corpos trabalhados, malhados.
eu falo de imperfeições excitantes!
não tenho seios fartos, mas são naturais.
meu bumbum é uma delicia. mas ainda assim não é a parte que mais me excita no meu corpo.
e certamente também não é o que me transborda a virilha.
meu coração, meu coração é tão excitante, vive cheio, transbordando.
e quando eu me nego, me recuso, vou ficando tão pequena e ele tão grande.
me sufoca!

vou gozar, preciso dar vazão.

e amar e amar e amar...

6.3.12

pra me libertar da minha velha companheira

pra me libertar da minha velha companheira:

ergui todos os moveis, varri a casa toda
lavei as janelas, joguei água em tudo
esfreguei o chão ...
joguei fora os papéis que ela deixou espalhados pela casa
não queria ter que abrir mão de tudo
sabe, de todas as coisas que fizemos por aqui,
mas ela tinha que ir embora, e pra isso eu teria que abrir mão.

não é tão simples, não é uma simples faxina
eu estava realmente decidida a deixa-la ir
quanto tempo eu gastei nessa?
uns 3 maços.

mudei os moveis de lugar, pra dar a sensação de que tudo era novo
eu ainda sou nova.
posso recomeçar quantas vezes me for preciso.
ela entendeu e partiu.

não houve beijo de despedida, nem abraço, nem pedidos e felicitações.
adotei uma arvore, tá no quintal
a roupa de cama cheira amaciante
me sinto fresquinha e só ando descalça
manter os pés no chão faz parte da realidade, só que não vou fincar raiz aqui e nem lá
um poeta disse uma vez, que arvores não dançam, ele tinha razão

sou barlarina, meu fogo acende durante a noite
e eu tenho dias lindos!
converso com as nuvens, andei pensando em adotar um pé de manga
dois coelhos e um cavalo
será que cabe aqui?

a casa é grande e eu vejo tanto espaço, na casa e no coração!

5.3.12

enterro

enterrou aquele cadáver
frio, congelado
enterrou, mas antes velou o corpo
aquele corpo magro, branco, ridículo

fez questão de usar vermelho!
por que não estava morta, havia apenas enterrado aquele cadáver podre
ela ainda pulsava, ela ainda era vida

deu charutos à todos os outros corpos que pulsavam, como ela
e assim começou o ritual
uma batucada tribal frenética
os corpos se retraiam
o suor pingava
não derramará uma lagrima se quer
por que ela ainda era vida e a vida é pulsar, é o gozo do universo!


3.3.12

a pessoa morre

as pessoas morrem de fome
de carência, de amor em excesso
as pessoas simplesmente morrem
e esse é o mundo

as pessoas fedem
porque são podres 
são amargas e egoístas

as pessoas mentem
mentem de tal forma
que acreditam na mentira
e apodrecem aos poucos,
toda vez que elas são ditas

eu sinto o cheiro daqui
eu posso sentir cheiro
das carnes putrefatas
posso sentir o amargo
que elas trazem consigo

as pessoas são um erro, do que alguns chamam de Deus.



2.3.12

desejo agressivo

na cama dela eu era apenas uma pecadora
seus olhos eram indecifráveis
perdi a conta de quantas vezes me perdi
nos olhos, no sorriso, no toque

os cachos enrolavam meu corpo
como um abrigo!
nos braços dela eu me sentia mulher

existia algo extraordinário entre a gente
uma necessidade de cuidar
de estar próximas

ela se envolveu com uma outra garota
meu sangue fervia
meu corpo achava aquilo realmente
inaceitável

sempre que as via
sentia algo queimar por dentro
e no meu imaginário
rasgava suas roupas, pedia pra ficar
me arrastava
eu estava tomada por um desejo agressivo!

e eu a achava tão doce, tão doce...

1.3.12

tudo e nada

talvez eu fira sim
talvez eu não seja o alguém que marca
não reviro, não transformo, não faço sangrar

sou transtornada, sou mistério
mas não fico, não sou nada
não valho nada, não caibo em nada

talvez eu seja tudo
tudo que não chega a ser nada
nada que chegue a ser tudo
talvez eu seja tudo e nada
tudo que não marca
nada que vicie

talvez sim, talvez não, talvez...
quem sabe?