28.7.12

amargar a vida

não necessito amargar a vida
mas o amargo me tem inteira
dói as vísceras ser amarga assim
dói as tripas!

dó eu sinto do meu coração
que de tanto amor, ficou podre.

17.7.12

dias cinzas.

sentada na janela enquanto chove, é mais fácil admirar o véu de fumaça que sobe após a soltura do trago.
gotas glaciais caem em meus pés e eu nem sinto.
morrer agora me parece propicio.
dias chuvosos pra mim, é como deitar na grama do inicio de blue veltet e ser puxada pra baixo.
pra baixo, pra baixo, pra baixo.
estamos caindo!

12.7.12

Segredos podres.


Você me vê me desfazendo e não sofre com isso.
Você me vê ficar translucida e suas mãos não me alcançam.
Você me vê, você me vê, você só vê.
Você chora e fica triste quando as luzes se apagam.
Mas não vê quando o mesmo acontece comigo.
Você se ausenta, você some, se esconde e aparece quando precisa de alguém pra limpar a sujeira debaixo do tapete.
Eu nunca fui muito diferente de você, olhe todos esses segredos podres que eu escondo em mim.
Nossas mãos estão sujas de tanto ocultar, de tanto esconder.
O que nos resta é levar para fora esse amontoado de mentiras e sujeiras, antes nos levem juntos.

8.7.12

versinho de número I

tomou um banho quente, fervendo.


sentou-se de costas para a janela e permaneceu nua, 
sendo violentada pelo vento intenso e frio. 


nem sabia que o que queria ser, apenas era.

3.7.12

III

eu tenho tido vontade de ser leve e você é o culpado por isso.
você não lê minhas linhas e eu escrevo e choro, por estar vulnerável demais.
eu sei que eu tenho apressado as coisas de forma que talvez tudo isso venha te assustando, como à mim.
eu não quero mais ser triste o tempo todo!
eu sinto sua falta e te espero com a fidelidade de um cão abandonado.

o dia está lindo e você não vem, não se aproxima.
eu estive pensando em me mudar, algum lugar em que possamos construir uma casa na arvore
com uma varanda gigantesca e o céu estrelado como telhado nas noites quentes,
mas você tem estado tão distante que eu acho que estou ficando louca.

você já viu um ser humano ensandecido, docinho?

penso que talvez eu esteja realmente ficando louca.
e você não está, nem aqui e nem lá.
preciso de você mais perto, preciso de você mais perto.

venha, me dê a mão.

temos a eternidade inteira para morrer.

hoje o dia pode ser apenas delicado.

vem!