c-i-ú-m-e
sinto vir a tona
tento disfarçar
algo que em minha entranhas
corre maratona
torno-me insuportável,
crio espinhos!
viro fera ferida
fica insustentável...
quisera eu, no auge de minha possessão
enfiar a mão na carne e arrancar o mal de mim
mas de meus olhos vertem sangue
a coisa amada torna-se tão inigualavelmente perfeita
que me desmonto, me retalho, crio atalhos
para ferir quem se aproxima
e ousa roubar de mim, o que nunca foi meu
deixo o asco, a ojeriza, o desprezo
roubarem meus sentidos.
mesmo sem ter tido a coisa amada.
perco-a desgostosamente
sofro!
apodreço gradativamente.
sou vitima do meu ciúme.
morte à coisa amada, morte a quem a ronda.
morte súbita do meu bom senso!