16.2.12

o perfume do amor

c-i-ú-m-e

sinto vir a tona
tento disfarçar
algo que em minha entranhas
corre maratona

torno-me insuportável,
crio espinhos!
viro fera ferida
fica insustentável...

quisera eu, no auge de minha possessão
enfiar a mão na carne e arrancar o mal de mim
mas de meus olhos vertem sangue

a coisa amada torna-se tão inigualavelmente perfeita
que me desmonto, me retalho, crio atalhos
para ferir quem se aproxima
e ousa roubar de mim, o que nunca foi meu

deixo o asco, a ojeriza, o desprezo
roubarem meus sentidos.
mesmo sem ter tido a coisa amada.

perco-a desgostosamente
sofro!
apodreço gradativamente.

sou vitima do meu ciúme.
morte à coisa amada, morte a quem a ronda.

morte súbita do meu bom senso!