14.5.12

eu, você e o amor dentro do liquidificador.

Ando tão cínica com você, meu pequeno pedaço do paraíso.
Mas é que ela acende meu fogo e temo pelo nosso amor.
Entre as pernas dela, sinto-me viva. É difícil me manter sã, quando ela me diz que está sem calcinha, enquanto se apoia para ajeitar o salto.
Os sorrisos no decorrer da noite são provenientes do toque de seus pé por baixo da mesa, enquanto buscamos soluções em fundos de garrafas.
Vou te dizer do que você não sabe, pequeno pedaço do paraíso. Sinto-me ensandecida desvendando nela os pontos de a à g.
Há um conflito entre o querer e o amar, em mim.

9.5.12

Sobre mim mesma.

Foi estranho não se estranhar por alguns instantes.
Olhar-me e não encontrar-me em nada. Nem mesmo em mim.
Talvez isso que eu tenha me tornado, tenha afastado muita gente querida de mim.
Essa minha falta de jeito no tratar. No doar-se.
Se não me entrego, machuca. E se me entrego então, assusta, machuca, fere fundo.
Vontade de ser só, só ser. E pronto.
Não foi ele, nem ela e nem o Gabriel que me fizeram assim, fui eu.
Desgarrada, livre? Livre? Não é liberdade quando se está amargo. É solidão doída e doida.
Mas veja bem, existe a vida, e na vida os goles, os bigodes, os gatos, os elefantes, pés de pitanga.
Existe o sentir e o contato.

7.5.12

tomem nota

a verdade da vida é como um chão frio.
está sempre em baixo dos nossos pés e não percebemos até tirarmos os sapatos.
penso que como um leve suspirar ou piscar de olhos, imperceptível é a vida.
como também a criança que se lambuza enquanto o chocolate desenha em sua pele e o adulto que chora no escuro como um cão abandonado.
a pessoa que escreve morre e ninguém nota. a pessoa que nota morre como a que escreve.
daria pra dizer que a vida é continuidade? sabendo que a pessoa que escreve morre sem ser notada?
ou será que nota-se quando morre?