3.4.12

Inquietude humana.

não consigo dormir, a cama me parece vazia. a vida me parece vazia, também!
será que sou eu que estou vazia? sinceramente, não sei.
tenho conversado muito com van gogh, trocamos cartas, não sei por que cargas d'água ele me corresponde.
ele traçou um perfil sobre mim, me disse numa das cartas, que sou temperamental, muito geniosa!
também disse que quer eu queria ou não queira, eu devo continuar e ele deve continuar também, afinal de contas "o moinho não existe, mas o vento continua".
engraçado, ele morreu há tanto tempo, deve haver uma mistica muito grande nessas cartas.
por isso as guardo na minha gaveta de calcinhas. ainda acredito nas noites de quarta.
e que coisas boas acontecem quando escutamos harvest moon, o Young sempre foi um lindo.
sou jovem e imediatista, talvez apanhe em praça publica num dia qualquer.
estou há alguns dias sem fumar, não bebo café e a inquietude humana ainda se faz presente.
não, não tenho mais o desejo de viver de outrora.

outro dia num sarau ouvi uma bela garota dizer algo do tipo: além do sexo, quem anda me comendo é o tempo!
o tipo de frase que você adoraria ter soltado antes.
recebi também uma carta de gauguin, nela ele dizia estar muito doente e precisando de grana.
e como você vincent, ele também queria saber o que que há com essa falta de desejo em mim.
como vocês se foram, talvez preencher outro mundo com arte, resolvi fechar meus olhos para a humanidade.
nem a antiga me faz gozar.