23.10.12

quase triste

chove, não faz frio!
o cigarro está queimando, evaporando, sumindo, um após o outro.
esse cheiro forte, fica em mim, como se eu fosse toda errada, sempre.
venho flertando com o fundo do poço, há um ano.
sou jovem demais, menina demais, não banco o jogo como uma mulher.
cansada de ser um peso, sinto-me triste. não inteiramente.
não me permito afundar, atolar até o pescoço!
fico buscando oxigênio em todos os lugares, antes de adormecer.
e essas ideias que me passam pela cabeça antes de fechar os olhos, doem tanto.
preciso acertar o caminho, mesmo que seja a passos lentos.
para isso, preciso deixar que sangre! que doa, que me rasgue inteira, para que eu possa ressurgir.
no meu tempo solitária, encolho-me n'algum canto e choro, como se chorar fosse me limpar.
me tirar esse cheiro forte de cigarro, de desencanto, desafeto.

mas ainda me levanto, ainda finjo sorrir, ainda canto.

sou quase triste.

Um comentário:

  1. extremos-opostos. quase é também um palavra-inquietação que ronda o meu travesseiro.

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